“A doutrina do parágrafo, quando bem compreendida, proporciona a maneira de escrever bem, de expor bem, assim como a de ler bem e obter proveito prolongado das nossas leituras, por meio de anotações duradouras. E o maior serviço que se pode prestar a um jovem é ensinar-lhe esse método, como fazia Bézard durante a primeira e a segunda séries. Funda-se essa doutrina num princípio claro e preciso, mas que depressa esquecemos no ato de expor: o caráter limitado e oscilante de toda atenção. A embocadura da atenção é exígua: cumpre verter o elixir gota a gota. O espírito é dispersivo; a atenção faz lembrar um farol, que brilha por uns momentos, depois se extingue e volta a brilhar. É possível que ela se relacione, no seu exercício, com o movimento da respiração, que vai e vem. Para nos fazermos compreender é necessário, pois, decompor tanto quanto possível: dizer apenas uma coisa de cada vez. Mais ainda: é preciso repetir. Um professor de línguas dizia-me que considerava um vocábulo verdadeiramente conhecido pelos seus alunos só quando estes o tinham esquecido e reaprendido nove vezes. Em todos os casos, para exprimir um pensamento é necessário depurá-lo, discernindo quer os aspectos que o objeto desse pensamento comporta, quer os princípios que lhe são implícitos e que um tal pensamento pressupõe. Tais aspectos e tais princípios, uma vez conhecidos, precisamos expô-los um a um. Imaginar alguém que costura, enquanto se trabalha, é bom: fará melhor lembrar que tudo, no trabalho e na vida, faz-se ponto a ponto, para citar aqui a frase de Madame Valmore, que Sainte-Beuve reporta."